20 - O jogo virou

- Luan? - meu marido disse tão assustado quanto eu.
- Prazer, cara! Mesmo você já me conhecendo.. Mas agora quero me apresentar como namorado da melhor amiga da sua mulher. - ele sorriu falso e se eu não estivesse com meu marido do meu lado, certamente iria voar no pescoço dele.
- É amiga, eu estou namorando o Luan.. - ela sorria largo e com todo esforço do mundo abri um sorriso.
- Felicidades pra vocês!!
- Digo o mesmo, apesar de tudo Luan! Me desculpa por aquele dia. - Ben disse e Luan apenas concordou com a cabeça.
- Eu pensei em irmos jantar juntos.. O quê acha? - Malu sugeriu agora de pé de mãos dadas com Luan. Trocavamos olhares que eu simplesmente não conseguia decifrar. Meu corpo tremia por inteiro, eu não aguentava mais aquela situação e tudo que eu queria era me trancar num quarto e chorar e eu mesma não sabia o porque disso tudo. Ele não poderia me afetar tanto assim.
- Eu estou morta da viagem Malu, e o Ben também.. Prefiro que peçam pra Maria fazer algo aqui em casa! Pode ser, Maria? - disse a minha empregada.
- Claro Dona Júlia.. Mas dependendo do prato, preciso que comprem alguns alimentos no mercado. - ela sorriu fechado.
- Eu vou, sem problemas! Você vem comigo amor? - Ben disse e fiz careta.
- Eu tô tão exausta amor, você não poderia ir sozinho? - falei e vi Luan bufar disfarçadamente ao ver eu chamar meu marido de amor.
- Preciso de uma mulher junto comigo! Não entendo dessas coisas..
- Eu vou junto Ben! E você, vem Luan? - Malu disse e eu torci pra que a resposta fosse sim.
- Eu tenho que ficar, minha linda! - ele disse olhando pra mim, e em seguida a ela - Eu em mercado é sinal de tumulto, não posso sair sem o Wellington.
- Eu esqueci.. Então tudo bem, vamos Benjamim! - Malu disse e logo os dois saíram da sala.
Quando fui ver, estava de pé, observando Luan sentado no sofá que me encarava sorrindo irônico. O que aparentava, é que ele estava gostando daquela situação e claro da minha cara de tacho após analisar tudo que estava acontecendo. Não disse se quer uma palavra a ele, subi as escadas na tentativa de ir pro meu quarto, mas quando fui ver, ele estava correndo atrás de mim e já havia me alcançado.
- Júlia, não pense que você vai escapar de mim.. Ou deixar de falar comigo! - disse segurando meu braço quando estava na porta do meu quarto.
- Eu odeio você Luan, eu odeio você! - falei um pouco alto me segurando pra não chorar.
- Isso linda, grita mesmo pra sua empregada ouvir e sair espalhando pro corno do seu marido que estávamos brigando! - disse e quando ia levantar meu braço pra acertar um tapa em seu rosto, Luan segurou ambos, fechando a porta do meu quarto e me prensando sobre ela.
- Me solta, seu idiota! Eu vou te matar Luan! - semicerrei meus dentes. - Eu tenho nojo de você, NOJO!
- Aqui tem isolamento né? Então pode gritar!
- Solta meus dois braços, agora!!! - disse já que tinha meus dois braços acima da minha cabeça sendo pressionados a porta já que Luan os segurava.
- Pra eu apanhar? Não! Me fala Júlia, por que essa raiva toda? Afinal, você não sente nada por mim, não é? Por que todo esse ódio? Já ta sentindo falta dos meus beijos.. - ele disse beijando meu pescoço, tentei chuta-lo, mas não tinha forças
- Luan.. Não rela em mim! - gritei.
- Você brava consegue ficar mais linda ainda. - disse com sua respiração próxima a minha. Nossos rostos estavam quase colados. Eu dividia meus olhares entre sua boca e seus olhos que transbordavam um misto de alegria e tristeza ao mesmo tempo, eu não sabia decifra-los.
Quando fui ver, seus lábios já estavam juntos aos meus e assim iniciamos um beijo lento, Luan foi soltando minhas mãos que foram parar em seu pescoço. Nos beijavamos com fúria enquanto eu entrelaçava minhas pernas em sua cintura e sentia suas mãos arranharem minhas costas.
- NÃO LUAN! - gritei quando vi o que estava fazendo e pulei de seu colo, ficando distante dele. - Eu tô te odiando, eu não quero ver você nunca mais.. Eu não quero ter você perto de mim nunca mais! Esquece que eu existo. Você não passa de um moleque! - falei enquanto ele me observava - Olha o que você tá fazendo! Qual é? O príncipe do sertanejo foi negado e pra se vingar você pega a melhor amiga dela? Lindo da sua parte, não passa de uma atitude infantil! - soltei tudo que estava entalado dentro de mim, com meus olhos cheios de lágrimas. Em segundos, Luan estava extremamente próximo a mim e dessa vez, seus olhos demonstravam raiva.
- Te afetou tanto não é?! Se afetou.. É porque tem sentimento nisso.. E você tem que parar de negar isso pra você mesma!
- Você não sabe o que fala Luan.. Você não sabe o que faz! - esbravejei.
- Eu sei o que faço, e sei que o que eu tô fazendo ta te afetando! E de verdade? Era o que eu mais queria! Ta doendo? Diga que sim, essa é a minha intenção, eu sofri muito na tua mão e é quase que um prazer te ver sofrendo assim. Não é fácil entrar na vida de uma pessoa, agir como se ela fosse a sua favorita no mundo e depois simplesmente ir embora, sabia? E foi o que você fez comigo, várias vezes.. E o palhaço, tava sempre atrás de você! Que só lembrava de mim pra transar, como se fosse uma puta, coisa que eu sei que você não é! - ele disse e após aquelas palavras, eu já estava chorando. - Não adianta chorar agora Júlia! Você já me destruiu.. Já fez toda essa merda acabar! Só restou o otário apaixonado aqui.
- Luan... - disse aos prantos.
- Você fica quieta! Porque quem vai ouvir agora, é você. Eu já ouvi muito. - disse apontando o dedo em minha cara. - Você queria que as coisas fossem apenas do seu jeito. Queria que a última palavra sempre saísse da sua boca, que cada encontro marcado fosse somente no lugar mais viável para você. O seu egoísmo só não falava mais alto porque você queria gritar mais que ele. E gritava. Você em todas as nossas brigas era o tipo de pessoa que falava as suas últimas e dramáticas palavras antes de qualquer coisa, dava suas ordens, e eu apenas me calava, e quem cala, talvez conceda. Porque eu acabava te dando carta branca e você sempre retribuía com um cartão vermelho, mesmo sabendo que eu odiava essa carta e o significado dela. Mas ainda assim, mesmo com todas imperfeições que você tinha, eu te aceitava. E fazia isso porque era a única alternativa que me pertencia naquele momento. E juro que não conseguia me imaginar sem você. Eu aceitava porque apesar da última palavra ser sempre sua, ela ainda era a única que eu queria ouvir no final do dia. Aceitava porque mesmo que o lugar fosse escolhido por você, eu gostava de pensar que ele era nosso, que ali a gente encontrava nosso ponto de paz e abrigava nossos desejos mais íntimos. A questão é que tudo era perfeito demais. Ou eu enganava a mim mesmo tentando acreditar que era. Porque sua vida era baseada nisso, num parque onde você se dava ao direito de levar quem quiser, se divertia o tempo suficiente pra fazer alguém gostar da viagem e depois simplesmente mandava embora e fechava as portas, como se elas nunca estivessem sido abertas. Mas de tanto eu bater o pé, de tanto eu insistir nas suas mudanças e na gente.. Eu literalmente cansei e dei a volta por cima! - ele disse e nesse momento, nós dois choravamos.
- Me desculpa. - falei baixinho de cabeça abaixa enquanto ele limpava suas lágrimas.
- Não tem mais desculpa, Júlia! A partir de agora, te deixo livre. Cheguei a conclusão de que, amor de verdade, a gente não implora, não insiste, não suplica. A gente apenas sente.
- Mas... - supliquei.
- Não tem mas, Júlia! Não existe mais a gente.. - ele disse abrindo a porta do meu quarto. - Eu estou desistindo, beleza? Vou deixar pra lá, tirar o meu da reta e seguir em frente. Isso aqui já me magoou demais. - disse antes de sair olhando pra cima, e contraindo os lábios, se segurando pra que não chorasse mais. Assim que ele ia saindo dali, segurei seu braço.
- Eu preciso te dizer.. - respirei fundo. - O porque disso tudo!
- Então seja clara e rapida.. Não vou mais perder meu tempo ouvindo você. - disse grosso e cada palavra que ele me dizia, meu coração apertava mais.
- Eu fiquei mal por você e pela Malu, porque não consigo suportar a ideia de te ver sorrindo para uma pessoa que não seja eu. E Luan, de todas as vezes que eu te mandei ir embora da minha vida, eu achava que você ia ficar como foi varias vezes. Na verdade, eu acho que nunca pensei na possibilidade de te ver ir embora. Mas eu estava errada.
- Estava sim. Muito errada. E eu queria te dizer que estou com a Malu numa tentativa de achar as suas coisas boas nela. - ele sorriu fechado.
- Eu não sei o que sinto por você. E não posso te amar. - suspirei. - Eu não posso te amar porque não existe limites pro amor e eu tenho vários com você. Não posso te amar porque amor não é fazer o que faço, não é me desculpar pra não ficar ao teu lado nem me despedir sem sentir que a gente precisa se ver o mais rápido possível. Eu não posso dizer que te amo porque amar é muito mais do que palavras que saltam da boca. - falei por fim.
- Tudo bem Júlia, tchau! - disse se virando e segurei seu braço novamente. Eu queria fazer alguma coisa, mas no fim acabei não fazendo. Soltei seu braço e virei de costas pra ele.
- Acabou. - Luan disse antes de sair do quarto e desceu as escadas. Fiquei no meu quarto um tempo me recompondo e desci em seguida. Malu e Benjamin já estavam na sala e meu marido me encarava com uma cara estranha. Droga!

Oiiiii amors!! 
Gostaram do cap? Espero que sim! 
Deu treta ein? Parece que Luan afetou bastante a Júlia.. O que será que vai rolar daqui pra frente? Sugestões? Idéias! Aceitamos todas. 
A fala maior do Luan aí na briga, tiramos de um texto do tumblr só modificamos algumas coisas.. Enfim, comentem bastante pra mim. 
Quem quiser participar do grupo do whatts aonde avisamos sobre os caps, deixa o númerocom DDD e nome. 
Próximo capítulo postado após 12 comentários, beijos!