52 - Visita desagradável.

Júlia se aconchegou em meu peito após nos amarmos, eu fazia um cafuné enquanto ela acariciava meu peito, em silêncio. Não precisávamos dizer nada, nossos corpos falavam por si só. Olhei pro relógio na cabeceira e já eram quase três da manhã. 

- Nosso aniversário já acabou e nem ficamos muito juntos.. - fiz bico. 

- Você estava fazendo a minha surpresa, ué 

- Sim e também terminamos do nosso jeito.. - falei sapeca e ela riu. - Estreamos sua cama com estilo. 

- Você estreou né, baby!? Porquê eu já durmo aqui a muito tempo.. 

- Você entendeu, bobinha! - rimos. - Me deixa levantar que preciso lavar a tatuagem e passar pomada.. Ta ardendo. - fiz careta. 

- Ninguém nunca fez algo assim pra mim, Luan. - ela disse calma. 

- Você já disse isso.. E eu não vou medir esforços pra te fazer se sentir especial e única, beija-flor. 

- Eu te amo tanto. Será mesmo que te mereço? 

- Merecer não merece, porque além de gato, sou romântico! - brinquei e ela me deu um tapa na barriga me fazendo rir. - Qual é, flor, vai negar que sou tdb? 

- tdb? 

- Sim, tudo de bom! - zoei e ela gargalhou. 

- Luan, você é péssimo! 

- Isso faz parte do combo do tdb! E falando sério agora, essa tatuagem não é nada perto do que eu sinto por você. 

- Nosso amor cravado na pele, neguinho. - ela deu risada me dando um beijo em seguida. 

Levantei da cama e fui até o banheiro lavando a tatuagem e passando a pomada que eu havia deixado ali antes. Depois de fazer o curativo, voltei pra cama, onde dormi aconchegado com Júlia. 

...

No outro dia, eu e Luan acordamos cedo com a barulheira dentro de casa. Certamente eram alguns parentes meus que moravam no interior e não puderam vir ontem no meu aniversário. Eram nove horas da manhã, eu e meu namorado havíamos dormido pouco e isso foi motivo pra que ele acordasse emburrado, estressado e com um bico enorme. Como imaginava meu tio Pedro estava em casa, junto com sua esposa Marta e suas duas filhinhas Rafaela e Carolina que eram gêmeas. Desci as escadas com Luan e elas correram nas minhas pernas pra me abraçar.

- Oi tio, oi tia! - sorri abraçando os dois que me desejaram parabéns atrasado. - Esse é meu namorado.. O Luan! Que estava no natal com a gente.

- Mas não era da Malu, Ju? - meu tio perguntou inocente e fiz careta. - Nós já estávamos sabendo pela internet.. Inclusive sua mãe acabou contanto sobre o Benjamim, ele não vale nada. 

- É uma história longa tio, mas estamos juntos.. Na verdade são duas longas histórias, o importante é que estou feliz agora. 

- Felicidades, minha menina! - minha tia disse e eles logo o cumprimentaram também desejando parabéns.

Perto da hora do almoço, minha tia Verônica chegou com meus dois primos, João Paulo e Micaela, eu nunca havia me dado bem com Micaela, e não sabia nem ao menos o que ela estava fazendo ali.

- Mãe.. O que é isso? O que eles estão fazendo aqui? - falei baixinho revirado os olhos enquanto eles cumprimentavam Felipe e minha avó.

- Sua tia disse que fazia tempo que não te via.. E então, quis acompanhar o tio Pedro. Eu não podia negar, filha. 

- Só podia ter me avisando. Eu detesto a Micaela e todos sabem. - revirei os olhos.

Logo elas estavam até mim, me cumprimentando.

- Que saudade, Ju! Você está cada dia mais linda. E seu marido!? - minha tia disse e no mesmo momento Luan saiu do banheiro e pude ver Micaela quase cair pra trás.

- Luan Santana? - ela gritou eufórica. Era sempre assim, adorava chamar a atenção dos outros.

- Oi gente, tudo bem? - disse os cumprimentando.  

- Tudo... Mas, alguém me explica isso Brasil! - Micaela falava ainda pasma.

- Eu não estou mais casada tia, respondendo sua pergunta.. Não deu certo! É uma história longa que te conto depois.. E bom, agora estou namorando o Luan! Pensei que tivessem sabendo.. - dei risada e Luan me abraçou de lado tímido.

- Que maravilhoso ser prima de um cara gato, milionário, cantor sertanejo, você fazendo parte da minha família... Você nasceu mesmo com a bunda virada pra lua. Primeiro um empresário riquíssimo, agora ele. Me ensina, prima! Qual o segredo? 

- O segredo é não ter inveja e querer roubar tudo dos outros! - resmunguei irritada e levei um cutucão da minha mãe. Olhei Luan que não entendeu minha falta de educação e observei Felipe no sofá que segurava o riso, ele sabia meu ódio por ela, e até me apoiava por não ir muito com a cara dela também. Micaela não me disse nada e logo em seguida minha avó serviu o almoço. Luan continuava de cara fechada e pude perceber na mesa olhares da minha prima atirada sobre ele. 

- Então Luan, vocês estão juntos a quanto tempo? - perguntou como se mais ninguém tivesse ali. Luan me olhou sem saber o que dizer.

- Pouco tempo, Micaela. Desde o meu divórcio! 

- Rapidinha você, hein prima? Logo você, a santinha da escola na nossa adolescência.. 

- Micaela, o que acontece na minha vida não te desrespeito!  

- Aquele seu ex-marido maravilhoso ta solteiro? Me passa o número dele depois.. Cê sabe que ele sempre me deu um mole né!? Eu nunca dei corda porque te respeito, priminha.. - ela falava com ar de vadia e todos assistiam na mesa sem falar nada. 

- Sério? Porque a única coisa que eu me lembro que ele me disse sobre você foi que você era uma desengonçada mal amada e ainda te deu um fora na frente de todo mundo naquele aniversário do seu irmão.. - falei irônica e ela ficou vermelha. 

- Você sempre teve inveja de mim, Julinha.. Não precisa inventar essas coisas, todos sabem. 

- Sempre mesmo.. Deve ser por isso que hoje tenho um namorado que me ama incondicionalmente e é seu sonho de consumo.. E ainda tenho tudo que você sempre sonhou em ter. 

- Meu sonho de consumo ele é mesmo.. - falou baixo olhando pra Luan e eu estava a ponto de voar e enfiar o garfo na sua goela. 

- Mi, para, por favor! - João, seu irmão pediu e ela fingiu que não fazia nada. O almoço foi num clima péssimo. Depois de acabarmos, nem ajudei as mulheres na cozinha, fui logo pro lado de fora com meu namorado, meus primos e meu irmão. Eu e Luan sentamos juntos numa rede que havia ali perto da piscina, João e meu irmão começaram a conversar sobre mulheres enquanto a minha prima ficou isolada sem ter com quem conversar. Ignorei sua presença ali e fiquei fazendo carinho no cabelo de Luan que quase estava pegando no sono. 

- Ao Julinha, seu namorado num é cantor? Manda ele cantar umas moda aí pra gente.. - meu tio Pedro apareceu gritando fazendo Luan assustar. 

- Tio, o Luan está cansado.. 

- Não, amor.. Eu toco mas eu não tenho violão aqui! - fez careta. 

- Eu tenho um violão lá no carro Luan! - meu tio falou prestando a atenção na nossa conversa. - Pedi pro João Paulo ir buscar pra mim.. - explicou, Luan apenas concordou levantando da rede, ele pegou na minha mão e ficamos sentados em volta da piscina enquanto meu primo não chegava com o violão. 

... 

Fiquei ali com os parentes de Júlia, sentindo ainda olhares maliciosos da sua prima sobre mim. Confesso que estava começando a ficar incomodado, já que de jeito nenhum achei ela atraente. O irmão dela chegou um tempo depois com o violão e as moças da casa vieram com ele. 

- Qual música, cê quer seu Pedro? - perguntei pegando o instrumento. 

- Me chame de tio, rapaz! E canta qualquer uma que você quiser aí.. 

- Já sei, vou cantar uma em homenagem a minha muié aqui! - falei olhando pra Júlia que sorriu. - Ouvi ela e lembrei de você na hora.. - comecei a detalhar as notas e comecei a cantar a música do Henrique e Juliano que havia escutado a poucos dias. - Essa é uma velha história

De uma flor e um beija-flor

Que conheceram o amor

Numa noite fria de outono

E as folhas caídas no chão

Da estação que não tem cor

E a flor conhece o beija-flor

E ele lhe apresenta o amor

E diz que o frio é uma fase ruim

Que ela era a flor mais linda do jardim

E a unica que suportou

Merece conhecer o amor e todo seu calor

Ai que saudade de um beija-flor

Que me beijou depois voou

Pra longe demais

Pra longe de nós

Saudade de um beija-flor

Lembranças de um antigo amor

O dia amanheceu tão lindo

Eu durmo e acordo sorrindo

Terminei de cantar e Júlia sorria lindamente. Era incrível a capacidade que ela fazia meu coração bater mais forte com apenas um sorriso. Seus familiares bateram palmas e minha namorada me deu um selinho. 

- Eu não entendi o porquê de você lembrar da Júlia com essa música.. - Micaela falou e eu ouvi Júlia bufar. 

- Porquê meu apelido é beija-flor, Micaela! Você não tem que entender nada, a música não foi pra você. - respondeu irritada. 

- Beija-flor? Que tipo de apelido é esse? Combina com você priminha, sem graça! - provocou mais uma vez e eu apenas apertei a mão da minha namorada como sinal para que deixasse quieto. Comecei a tocar umas moda, divertindo a família da minha namorada. Fiquei quase a tarde toda ali. 

- Amor, a Bruna me mandou mensagem agora perguntando se ainda vamos pra balada.. 

- Vamos sim, flor! Aliás, você quer? 

- Quero, amor! 

- Então vamos! Cê vai Felipe? 

- Vou cunhado! Vamos João Paulo? - meu cunhado convidou o primo que concordou. 

- Vocês vão aonde?? - Micaela apareceu se metendo na conversa. 

- Não interessa, intrometida! 

- Vamos pra balada, Mi - Felipe falou educado sendo fuzilado pelo olhar da irmã. 

- Balada? Adoro!!! Eu quero ir também.. 

- Você não vai! - Júlia falou.

- E por que não? 

- Porque eu não quero e porque ninguém te chamou! 

- Eu não preciso de convite priminha, eu vou mesmo assim! Você acha que vou perder a chance de sair com esse seu namorado maravilhoso? Nunca! - piscou pra mim e saiu rebolando, aquela garota iria estragar a nossa noite. 

... 

Eu já não estava mais aguentando a minha prima, juro que estava a ponto de voar no pescoço dela. Na hora que ela disse que iria pra balada com a gente, senti até vontade de não ir mais, mas como eu havia combinado com nossos amigos, não podia deixar eles na mão. Subi com Luan pro quarto, ignorando o fato dela ter piscado pra ele. 

- Você quer mesmo ir? Podemos ficar, beija-flor.. 

- Não! Nós vamos! Eu não vou abrir mão da minha noite por causa dessa ridícula 

- Por que você odeia ela? Aliás, eu percebi o porquê mas quando o ódio começou? - perguntou curioso.

- Eu já morreu naquela cidade que ela mora hoje, crescemos juntos.. Eu, ela, João e Fê. Nossas diferenças de idade são poucas, eu tenho vinte e dois, o João vinte, ela dezenove e o Fê dezoito, por isso estudávamos na mesma escola. Ela sempre foi assim, aparecida e eu sempre na minha. Éramos melhores amigas.. Ela namorava todos os garotos da escola, até que um dia começou a namorar o Caio, uma ex paixãozinha minha da escola. Ela sabia que eu gostava dele e fez de propósito. Aí uma vez ele veio falar comigo e ela viu, saiu falando pra toda a escola que eu tinha inveja dela, que eu roubava as coisas dela, sendo que ela roubava minhas maquiagens, meus sapatos novos, tudo! Até aí tudo bem, achei que quando crescêssemos ia mudar, mas não. Nós duas sempre tivemos o sonho de ser modelo, fizemos até um teste juntas, eu passei e ela não, aí no meu primeiro ensaio ela veio toda fofa dizendo que havia preparado um doce pra mim de boa sorte, eu não podia fazer desfeita pra minha tia e comi.. 

- Tava envenenado? - perguntou e eu ri. 

- Não! Mas tinha um remédio lá, que me fez passar muito mal.. Fiquei no banheiro por horas, até desidratei. Fui parar no hospital e ele disse que eu havia tomado um remédio lá que esqueci o nome.. 

- Laxante? 

- Isso! Tinha ingerido uma grande dose de laxante e por isso tava passando tão mal.. Perdi meu ensaio e quase minha carreira. Aí minha mãe conversou com o pessoal da agência e eles me aceitaram de volta. Depois disso, nós mudamos pra São Paulo e conheci o Benjamin, no dia do meu próprio casamento ela agarrou ele e disse que ele quem tinha agarrado ela. Fora as vezes que ela gritava pra todos que ele passava a mão nela.. Essa garota é doente!

- Você não tem medo de que ela faça coisa pior com você, amor? 

- Não! Aliás, até tinha.. Mas depois que mudei pra cá perdi esse medo. Ela é sustentada pela mãe dela, jamais sairia da roça aonde ela mora pra vir me destruir aqui. Fazia tempo que não via ela, decidiu surgir do nada sei lá porquê.. - dei de ombros. - E outra, o que vem de baixo não me atinge! 

- Senta no formigueiro! - Luan zoou e eu ri. 

- Parece minha vó falando! - rimos mais. - Cansei de viver com medo dessa psicopata, ela precisa se tratar, eu hein. 

- Só espero que ela não estrague nossa noite! - comentou 

- É eu também! 

Oi meuzamoresssss! Que saudade de postar pra vocês!! Tudo bem que só faz poucos capítulos mas eu senti sdd! Hahahahahaha priminha psicopata da Júlia apareceu e vai pra balada com a eles, quais são as apostas pra noite??? Não seiiiii!!! HAHAHAHAHHAHA comentem bastante e a meta é a mesma, beijo da jujuuuuu